"você conhece tudo, né zé?
você conhece tudo o rap, o rock, o reggae
você conhece tudo
você só não se conhece"
zeca baleiro karnak
você conhece tudo o rap, o rock, o reggae
você conhece tudo
você só não se conhece"
Show da Monica Salmaso e depois café com as amigas. Duas amigas muito queridas, muito amigas, muito próximas.
E eu tive uma amiga que deixou de ser amiga, e meses átras trocamos uns e-mails, até escrevi aqui. Ela me apresentando uma fatura gigantesca de cobranças, disso e daquilo que eu deixei de fazer, do quanto sou egoísta e utilitarista e etc. e tal. Festival de cobranças mesmo, sem o menor pudor.
E diante de tudo isso eu disse a ela que o que de fato houve entre nós é que nunca criamos um laço de intimidade e confiança de fato. Todo o resto é apenas consequência. E a pessoa me responde ainda no jargão da cobrança/vitimização, algo como: "a culpa foi toda minha, acreditei que havia intimidade e confiança, só havia da minha parte". E bem. Porque estou retomando isso?
Porque me impressiona, de verdade, a incapacidade de algumas pessoas em se responsabilizar de fato por uma relação. Porque quando eu digo que não havia entre nós intimidade e confiança é exatamente por reconhecer que, se houvesse, as coisas não teriam se dado da forma como aconteceram. Eu não teria me afastado, sem vontade de investir numa relação onde me parecia haver sempre uma porta fechada. Ela não teria me constituído como uma utilitarista egoísta, não teria falado mal de mim para outras pessoas. Porque se fôssemos íntimas, ela me conheceria o suficiente para não pensar tais coisas a meu respeito. Nem cogitar. Se eu confiasse nela, não teria me afastado, sentindo que entre nós havia uma distância instransponível. E é assim. E não é culpa de ninguém. As pessoas se ligam e se desligam o tempo todo, por diversos motivos, das mais variadas formas e dependendo, muito, do momento da vida. Não há culpados. Existem afinidades, admiração, afetos, outros sentimentos não tão nobres, essas coisas que constituem as relações. Com isso nos ligamos e nos desligamos. Construímos fortalezas e barracos. Mas sempre fazemos isso juntos, seja bom ou não o resultado. O castelo encantado, o cristal inquebrável, isso só existe para quem se recusa à relação, a colocar um tijolo cada dia, mudar o projeto, dar um pouco mais do que recebe porque o momento pede, ou pedir, me ajuda, que tou precisando muito. A fortaleza requer esforço, caminho de pedras, mas nossa. É tão de verdade, sólida, reconfortante. E eu gosto tanto, tanto, das fortalezas que ajudo a construir.