12 de dez. de 2009

"quando estou longe, longe
quero ficar perto..."

Acabaram-se as viagens desse projeto que me levou a oito municípios em três regiões do Brasil. Acabou no sertão de Pernambuco, numa visita com pompas de visita de autoridade, sabe? Até banda e coral eles apresentaram para me receber. Parecia que eu era a ministra, hehe.
Muito muito muito interessante essa viagem ao sertão nordestino. Interessante em vários aspectos, que vão da proximidade à distância completa, estranhamento mesmo.
Proximidade porque meus avós maternos são nordestinos, minha avó especificamente do sertão da Bahia, e meu avô, de Recife. Então muita coisa me é bastante próxima; e a preocupação deles em saber se paulista come aquela comida se mostrou desnecessária: aquela comida eu conheço bem, e gosto muito.
Mas, ao mesmo tempo, eu sou paulistana sim. E essa paulistana que sou se assusta com as histórias de matadores. E com a história do próprio motorista que me trazia para Recife e contava que morou em São Paulo, mas foi embora quando, numa briga, deu quatro tiros no rival. Veja você. Tiros. Eu pensei "não ouvi bem, estou impressionada". E ele repetiu. E ele era doce, ao mesmo tempo, um senhor, de uns 60 anos ou mais. Que fez questão de procurar carne de sol para eu trazer para meu avô. O estranho e o próximo, essas contradições todas.
E agora vamos ao pitoresco. Na quinta, prepararam para mim um almoço especial, até bode assado tinha. E eu que nunca tinha comido bode só pedia aos céus para não detestar. Não detestei nem gostei, e tudo bem. Mas a questão é que no almoço estavam todos os vereadores, o prefeito, a vice. E todos enchendo a cara de cerveja, veja você. Acho que minha visita era festa, né? E eu tendo que pegar um milhão de dados, aquele sol rachando minha cachola. E as autoridades municipais enchendo a lata. Eis que chega e se senta ao meu lado o assessor do prefeito. Um senhor de uns 80 anos ou mais, se apresenta como poeta. E me revela: ele é a reencarnação de Machado de Assis.

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