Estar num país diferente do seu requer atenção aos códigos de convivência que não são os seus, certo? Então eu ainda não tinha começado a trabalhar com fone de ouvido, mesmo estando numa sala onde as pessoas falam alto e me atrapalham. Porque ninguém faz isso, e eu achei que pudesse ser mal interpretada. Mas enfim, aqui estou eu com fone de ouvido, porque hoje eles realmente estão impossíveis, falando pelos cotovelos, e eu preciso ler coisas. E eu não gosto de trabalhar com gente por perto. Resquícios acadêmicos, eu acho.
(Pois bem, agora além de falar o ser humano aqui na minha frente resolveu se levantar e fazer mímicas. Eu mereço).
E eu tenho algumas coisas para contar. Como por exemplo os acontecimentos num almoço que participei no domingo passado, na casa do meu ex-chefe, com quem trabalhei na primeira vez que estive aqui. Contando pro namorado o episódio, chamei o ex-chefe de branco colonizador. Mas não é bem isso. É brasileiro que queria ter sido branco colonizador. Então fala mal dos nativos o tempo todo. Que eles são lerdos, são pouco inteligentes, e mais uma série de coisas que me recuso a reproduzir. Pois muito bem. A minha pergunta é: por que o fulano não ficou no Brasil? Ou foi morar na Europa, nos Estados Unidos, no Alasca, já que também adora falar mal do Brasil? Por que será que esse ser humano escolheu morar em Moçambique, com esse povo tão pouco civilizado, como ele pinta? Olha. Me dá nos nervos essas coisas. E eu fico fazendo aquelas caras mais feias do munco, me viro na cadeira um milhão de vezes, porque não abro a boca. é o tipo de discussão que eu não devo entrar, senão sou capaz de bater em alguém. Ou melhor, nem é discussão, é só um despejar de preconceito mesmo.
Mas muito bem. Estavam lá também uns portugueses, eles sim os colonizadores, não? Que também falavam mal dos nativos. E contavam histórias, claro, acham que têm propriedade para isso, e na verdade só continuam o que sempre fizeram, contar a história a partir de sua perspectiva. E eis que começam a falar mal do Brasil, também. Falando mal do Lula, que esteve aqui semana passada*. Aí aquele que queria ser branco colonizador continua a despejar seu preconceito e diz que não gosta do presidente, um semi-analfabeto. E falam toda a sorte de asneiras, o bobão se sentindo muito integrado aos portugueses, feliz da vida, porque ele no fundo queria mesmo ser um deles, né? Até que os portugueses deixam claro, você não é um de nós. E sabe como? Dizendo, ao iniciar uma conversa sobre portugês de portugal e português nas ex-colônias: o que vocês falam não é a língua portuguesa. Aí a esposa do bobão esbraveja, o que falamos é português sim. Mas a fronteira sempre tão necessárias a qualquer explicitação de preconceito está definida, ok?
*então, o Lula esteve aqui. E ficou no hotel no qual eu ia me hospedar, acreditam? Que eu perdi a oportunidade de tomar café da manhã com ele? Eu não acredito até agora.
(Pois bem, agora além de falar o ser humano aqui na minha frente resolveu se levantar e fazer mímicas. Eu mereço).
E eu tenho algumas coisas para contar. Como por exemplo os acontecimentos num almoço que participei no domingo passado, na casa do meu ex-chefe, com quem trabalhei na primeira vez que estive aqui. Contando pro namorado o episódio, chamei o ex-chefe de branco colonizador. Mas não é bem isso. É brasileiro que queria ter sido branco colonizador. Então fala mal dos nativos o tempo todo. Que eles são lerdos, são pouco inteligentes, e mais uma série de coisas que me recuso a reproduzir. Pois muito bem. A minha pergunta é: por que o fulano não ficou no Brasil? Ou foi morar na Europa, nos Estados Unidos, no Alasca, já que também adora falar mal do Brasil? Por que será que esse ser humano escolheu morar em Moçambique, com esse povo tão pouco civilizado, como ele pinta? Olha. Me dá nos nervos essas coisas. E eu fico fazendo aquelas caras mais feias do munco, me viro na cadeira um milhão de vezes, porque não abro a boca. é o tipo de discussão que eu não devo entrar, senão sou capaz de bater em alguém. Ou melhor, nem é discussão, é só um despejar de preconceito mesmo.
Mas muito bem. Estavam lá também uns portugueses, eles sim os colonizadores, não? Que também falavam mal dos nativos. E contavam histórias, claro, acham que têm propriedade para isso, e na verdade só continuam o que sempre fizeram, contar a história a partir de sua perspectiva. E eis que começam a falar mal do Brasil, também. Falando mal do Lula, que esteve aqui semana passada*. Aí aquele que queria ser branco colonizador continua a despejar seu preconceito e diz que não gosta do presidente, um semi-analfabeto. E falam toda a sorte de asneiras, o bobão se sentindo muito integrado aos portugueses, feliz da vida, porque ele no fundo queria mesmo ser um deles, né? Até que os portugueses deixam claro, você não é um de nós. E sabe como? Dizendo, ao iniciar uma conversa sobre portugês de portugal e português nas ex-colônias: o que vocês falam não é a língua portuguesa. Aí a esposa do bobão esbraveja, o que falamos é português sim. Mas a fronteira sempre tão necessárias a qualquer explicitação de preconceito está definida, ok?
*então, o Lula esteve aqui. E ficou no hotel no qual eu ia me hospedar, acreditam? Que eu perdi a oportunidade de tomar café da manhã com ele? Eu não acredito até agora.
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