Tem um café em frente ao prédio que trabalho (que por sua vez é o mesmo prédio no qual estou hospedada: trabalho no sétimo e "moro" no décimo quinto andar). A gente pode tomar café lá, de manhã. E eu nunca tinha ido, porque acordo em cima da hora, etc. E nem sou fã de café da manhã. Mas hoje fui, estava com vontade de comer o pastel de nata, que o namorado disse que é gostoso. E é gostoso. Mas veja. Às nove da manhã é um pouco demais. Eu não sou uma pessoa matutina, e nem meu estômago. Não tem jeito.
E por falar em pastel de nata, essa região na qual estou, aqui é Maputo, tem muita influência portuguesa. Muito restaurante português, muito sotaque português (porque é preciso dizer: o sotaque do moçambicano não é tão carregado pelo português. tem mais a ver com a língua local. é bem bacana). Mas enfim. A questão é que eu estou num lugar tomado por estrangeiros. Então o que acontece é que eu conheço uma parte muito pequena de Maputo.
Já em Beira, para onde vou amanhã, é diferente. Conheci os melhores restaurantes da cidade (que devem ser dois, três), mas conheci a casa dos motoristas, o centro comercial popular. Lá eu interagi muito mais com Moçambique do que aqui.
Sinto vontade de andar por Maputo, mas fora desse circuito. Já ouvi falar que há uma feira popular de capulanas, vou tentar encontrar alguém para ir junto. Alguém local, entenda-se bem. Porque eu moro em São Paulo, que é uma cidade muito mais violenta que Maputo, claro. Mas em São Paulo eu conheço os códigos. E apesar de continuar sendo branca de olho azul quando ando pela periferia, onde sabemos, há muito pouco branco de olho azul, eu conheço minimamente os códigos. Aqui eu não conheço e, além disso, o impacto de ser claramente estrangeira é muito maior. Porque é claro que os estrangeiros aqui estão a uma distância muito maior dos moçambicanos do que no Brasil. Mas muito maior.
E eu acho um saco isso. Porque eu não sou rica, meu deus, longe disso, anos luz. Mas o simples fato de ser estrangeira, trabalhar pra uma grande empresa, isso já me coloca a uma distância gigantesca do povo moçambicano. Claro que não é uma distância que eu ache interessante ,nem goste, nem pactue, nem nada. Estou falando do modus operandi das coisas por aqui, certo? Que é muito alimentado pelos estrangeiros, brancos, etc., claro que sabemos que a dominação se perpetua na manutenção sistemática da coisa. Então você não chega na cidade e se insere, simplesmente. Você fica num lugar onde os moçambicanos te servem, apenas. E então precisa procurar uma forma de furar isso. Bom, ainda tenho duas semanas.
Agora, é preciso dizer outra coisa. Não pensem que Maputo é uma cidade super estruturada, porque não é. A internet, por exemplo, é meio capenga (em Beira é muuuito pior). Mas isso é assunto para outro post.
E por falar em pastel de nata, essa região na qual estou, aqui é Maputo, tem muita influência portuguesa. Muito restaurante português, muito sotaque português (porque é preciso dizer: o sotaque do moçambicano não é tão carregado pelo português. tem mais a ver com a língua local. é bem bacana). Mas enfim. A questão é que eu estou num lugar tomado por estrangeiros. Então o que acontece é que eu conheço uma parte muito pequena de Maputo.
Já em Beira, para onde vou amanhã, é diferente. Conheci os melhores restaurantes da cidade (que devem ser dois, três), mas conheci a casa dos motoristas, o centro comercial popular. Lá eu interagi muito mais com Moçambique do que aqui.
Sinto vontade de andar por Maputo, mas fora desse circuito. Já ouvi falar que há uma feira popular de capulanas, vou tentar encontrar alguém para ir junto. Alguém local, entenda-se bem. Porque eu moro em São Paulo, que é uma cidade muito mais violenta que Maputo, claro. Mas em São Paulo eu conheço os códigos. E apesar de continuar sendo branca de olho azul quando ando pela periferia, onde sabemos, há muito pouco branco de olho azul, eu conheço minimamente os códigos. Aqui eu não conheço e, além disso, o impacto de ser claramente estrangeira é muito maior. Porque é claro que os estrangeiros aqui estão a uma distância muito maior dos moçambicanos do que no Brasil. Mas muito maior.
E eu acho um saco isso. Porque eu não sou rica, meu deus, longe disso, anos luz. Mas o simples fato de ser estrangeira, trabalhar pra uma grande empresa, isso já me coloca a uma distância gigantesca do povo moçambicano. Claro que não é uma distância que eu ache interessante ,nem goste, nem pactue, nem nada. Estou falando do modus operandi das coisas por aqui, certo? Que é muito alimentado pelos estrangeiros, brancos, etc., claro que sabemos que a dominação se perpetua na manutenção sistemática da coisa. Então você não chega na cidade e se insere, simplesmente. Você fica num lugar onde os moçambicanos te servem, apenas. E então precisa procurar uma forma de furar isso. Bom, ainda tenho duas semanas.
Agora, é preciso dizer outra coisa. Não pensem que Maputo é uma cidade super estruturada, porque não é. A internet, por exemplo, é meio capenga (em Beira é muuuito pior). Mas isso é assunto para outro post.
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