21 de fev. de 2011

"falam tanto de uma nova era
quase esquecem do eterno é"
gilberto gil

Hoje acordei com um mal estar daqueles. Fiz tudo direitinho, tomei um bom café da manhã, tentei almoçar direito - digo tentei porque o enjôo não deixou a tentativa vingar. Tenho uma lista enorme de coisas para fazer, que vão de organizar o casamento à terminar uma versão do meu projeto de doutorado. Tendo, no meio disso, que arrumar o escritório que está um caos, marido quase não consegue entrar. Mas minha disposição, alheia a todos os afazeres, resolveu sair para passear, e cá estou: quase dormindo.
Aí releio o "roteiro" de orientações de pré natal que a obstetra me mandou. Sobre enjôos e indisposição, ela diz que é preciso ter paciência. E não é isso mesmo? E não apenas sobre enjôos e indisposição. Acho que o que mais terei de exercitar daqui pra frente é a paciência. Paciência com o que eu não sei, com o que não consigo. Vai parecendo que conciliar doutorado e gravidez só com muita, mas muita paciência. Achei que ia precisar de disposição; que nada. Vou precisar de paciência para suportar aquele momento em que as coisas simplesmente não andam. E não há muito o que fazer. Como enjôo. Melhor esperar passar.
Então penso numa conversa que tenho tido com uma amiga por email, sobre o lado B da gravidez. Sobre o fato de que engravidar (e ser mãe, já que seu bebê já tem um aninho) é maravilhoso, é tudo aquilo de legal e incrível que todo mundo fala, mas é também difícil, estranho, cansativo, cheio de medos, e dúvidas, e aquela pergunta que não cala: será que eu vou dar conta?
Eu sei que vou. Sei que muitas e muitas mulheres estão dando conta de suas crias e suas vidas desde sempre. Mas se permitir a dúvida, a pergunta, e ter paciência com a resposta, esta talvez seja a melhor "orientação".

14 de fev. de 2011

"eu vou mudar de profissão
eu vou ser cantor
eu vou pr rio de janeiro
num expresso brasileiro, seu dotô"
djavan

Adoro Djavan. Devo dizer logo, que não é necessariamente pela qualidade das músicas - ou das letras, tão controversas - adoro Djavan somente porque lembra um momento muito bom da minha vida. Com isso, digo que a coisa é passional.
Aí penso na minha relação com o Rio de Janeiro. Também marcou bons momentos da minha vida as idas ao Rio de Janeiro, de 2001 a 2006. Bom tempo da vida - a casa dos vinte anos - boa amiga que por lá morava. Muito samba e passeios. Isso sem contar as idas ao Rio na infância, pra visitar o primo.
Então que eu criei uma relação idealizada com o Rio. Acho que seria mais feliz se morasse lá. Acho impossível, na verdade, não ser feliz com aquela praia, aquelas pedras, aquela vista, né? Pra onde se olha, tem uma vista linda. Ontem, do banheiro do Santos Dumont, tinha uma vista linda. Ai eu idealizo. E sempre acho que felicidade, mesmo, é morar no Rio.
Ou será tudo culpa da Rede Globo?

1 de fev. de 2011

"beira do mar
lugar comum
começo do caminhar
pra beira de outro lugar"

Pensava eu nos últimos dias: esse sono que eu sinto é uma coisa absolutamente descomunal, não é possível que seja normal isso. E as mulheres que trabalham todos os dias, em escritórios, em lanchonetes, restaurantes, lojas, etc., etc., etc.? Como fazem, ficam dormindo pelos cantos?
Pois é, não sei como elas fazem ou fizeram. Aí penso nesse tempo maluco do mundo, que não condiz com o tempo natural das coisas. E me parece que, no caso da gravidez, o tempo natural se impõe de tal forma que fica realmente difícil não sucumbir e simplesmente dormir. Médica me disse pra dormir o quanto puder, porque estou produzindo o principal nos primeiros meses. E produzir gente realmente não é mole não. Mas de novo, como fazem as tantas e tantas mulheres que dão duro nesse Brasil?
Claro que nem todas devem sentir o mesmo que eu sinto. Cada pessoa reage de uma forma, sabe-se disso. Apesar de muitas e muitas mães me dizerem o mesmo, o sono era implacável nos primeiros meses - ao contrário do enjôo, que outras muitas me dizem não terem sentido nadica. Então que sono vem mesmo, e a indicação é dormir o quanto for possível. E eu passo a achar ainda melhor esse meu momento, em que trabalho em casa, posso fazer meus horários, dar quantas pausas precisar, correr pra minha caminha que fica tão pertinho do escritório.
Assim que soube da gravidez, pensei: podia ter esperado um pouquinho mais, engravidar no fim do ano, fazer todas as disciplinas do doutorado, me programar melhor, sei lá, que susto, mas já, como vou fazer agora, com tudo ao mesmo tempo?
Mas agora penso que veio exatamente na hora certa. Tempo de aproveitar esse começo, tempo mais calmo na vida, de menos trabalho, de correr com o casamento que de repente ficou simples de organizar, e tá quase pronto, e a gente mudou a lua de mel da Turquia pra Fernando de Noronha e estamos adorando. Enfim, tudo no seu tempo, no meu tempo, no tempo que tem pra se fazer as coisas e fico pensando, por fim, que esse se, que nos indaga, "e se fosse assim, ou assado?", esse se não existe. Então é hoje. E hoje, vou te dizer, o sono está indescritível. Vou ter que adiar um bocadinho o trabalho no meu projeto de doutorado.